HISTÓRIA URBANA EM FATOS

História Urbana em Fatos

Espaço destinado a Fatos Pitorescos
e Urbanos de Santa Maria
Mande textos: para valeskasm@hotmail.com

A MARIA SEM QUEIXO



Texto da Professora de Letras Ligia Soares

Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua,
brilhante como o sol, formidável como um exército com bandeiras?
Cantares de Salomão 6:10

A Maria,já deve ter morrido: não acredito que neste 2010, ela ainda esteja viva e que o exército não tenha dado a ela uma sepultura? Nos anos 50, vinha sempre acompanhando a banda marcial do 7º RI, vestida com as cores da bandeira do Brasil: verde e amarelo.
Na cabeça de alfinete, de tão pequena que era trazia um quepe azul e uma faixa contornando os ombros e o tórax da cor do vestido. Contrariada gesticulava o tempo todo e pedia socorro à oficialidade, porque a seguia vários moleques de rua, zombando dela e atrás deles uma fila de guaipecas.
A Maria era protegida dos soldados todos que muito a amavam, espécie de boy "menina de recados" entre os oficiais e suas famílias ou a mascote do quartel.
Era esplêndido o espetáculo, as senhoras saíam as janelas para ver a Maria e a banda passar tocando hinos pátrios, era lindo de ver a Canção do Marinheiro - "Qual cisne branco que em noite de lua, vai deslizando"... combinava com a Maria aquele contexto todo: hinos, banda, música. O quadro era comovedor. Eu tinha uns 7 ou 8 anos e chorava de emoção ao ver a Maria passar: era um caniço de fininha, agitada pelo vento daquele burburinho todo e, ela passando ... passando ... eu pensava em abraça-la, mas ela parecia muito brava - dando gritinhos estridentes, a voz muito aguda que nem a banda abafava. Pudera... No dia 7 de setembro, seu vestido era de gala, feito de cetim, quepe de cetim, faixa de cetim.
Contavam que quando pequena, ficando órfão, fora atirada dentro de um chiqueiro de porcos. Daí a alcunha Maria Sem Queixo que Deus a tenha no paraíso. Agora, nos céus de Santa Maria, todas as noites, brilha uma estrlinha: é a Maria com o mais belo de seus sorrisos...

Fonte: LIGIA SOARES

Comentários

  1. Eu conheci a Maria sem Queixo, no final da década de 1950, início de 60, quando servi no Parque. Realmente, foi um símbolo.

    Há outras pessoas da Cidade cuja história eu gostaria de resgatar. Uma delas, por pitoresca e exótica que me pareceu, e para mim sempre permaneceu envolta em mistério, era um cidadão conhecido por Piaçon. Acho que era assim que se escrevia. Faço uma referência a ele em outro blog meu, o site de minha família, "NÓS AQUI", em uma série de nove textos que publiquei no Aniversário de Santa Maria em 2008 (http://nozaki.spaces.live.com/blog/cns!1323512FAFF2846F!3327.entry).

    Independente do que se possa atribuir a determinadas personalidades, de positivo ou negativo (qual será sobre Piaçon?) elas fazem parte da história e não podem ser ignoradas.

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